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O PENTECOSTES E A COMUNHÃO

Sermões especial:   O PENTECOSTES E A COMUNHÃO    –  Efésios 2:19-22

            “Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da  família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo  edificados para habitação de Deus no Espírito

            O poeta inglês John Donne escreveu: “Ninguém é uma ilha completa em si mesma; todo ser é um pedaço do continente, uma parte do todo.” Esta é um verdade fundamental sobre a natureza humana e a nossa casa comum, este planeta fêmea que vivemos. Nós existimos para a relação porque fomos criados para a comunhão. Francisco de Assis foi quem mais entendeu isso. Ele chamava as pessoas, o sol e a lua de irmão e irmã e também os animais.

            A fé cristã é essencialmente comunitária. É na comunhão que crescemos em santidade e ficamos parecidos com a Trindade Santa  –
Gn 1:26 e 27.

            Jesus orou por nós: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio de tua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” – João 17:2-21.

            A oração de Jesus se concretizou no Pentecostes: Atos 2:42-47 e Atos 4:12-35. A comunhão é o maior bem da igreja. Sem ela tudo o mais perde o seu significado. É fruto do derramamento do Espírito Santo sobre nós.

                             NO PENTECOSTES…

  1. Todas as línguas e culturas são santificadas: a universalidade do Evangelho. O Evangelho e qualquer cultura se combina porque revela nela o que há de bom e de ruim. Jesus pode ter vários nomes dependendo da cultura e da língua. Nada de língua sagrada sobre as outras. Todas são sagradas para a comunicação das virtudes de Deus.
  2. As barreiras que dividem as pessoas e nações são derrubadas. No advento do Espírito caem as barreiras sexuais, nacionais, culturais e raciais que dividem os seres humanos.
  3. O lar, o lugar mais universal do mundo, torna-se lugar o sagrado por excelência. O Pentecostes começou num lar onde se reuniam os discípulos aguardando o revestimento do Espírito Santo, e a igreja de Jerusalém escolheu o lar para se reunir em pequenos grupos no partir do pão e nas orações. Nada de dependência de um lugar sagrado (o templo ou santuários populares) porque todos os lugares são sagrados, especialmente o lar, ninho de amor e da família.
  4. Surge a igreja como comunidade dos últimos tempos. “Chamada a ser modelo alternativo da sociedade sem alternativa” (Marcos Monteiro). Através dos tempos as igrejas ou se amoldam ao mundo sem nada para oferecer, ou se tornam uma maquete do Reino de Deus que o mundo deve imitar.
  5. Surge o profetismo comunitário de todos os crentes. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e falavam em novas línguas para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. “Oxalá todo o povo de Deus fosse profeta”, disse Moisés a Josué. Aqui, no advento do Espírito, todos se tornaram profetas.
  6. O poder do amor é derramado – Acho que foi em 1990, de férias em Ilhéus, na praia Cai N´água em Olivença, estava comendo uma saborosa moqueca numa barraca quando ouvi e outra barraco um hino cujo refrão era: “Renova, Senhor, renova, Senhor, renova sobre nós o teu amor.” O hino me tocou a alma, e após o almoço dei três mergulhos no mar e me sentir batizado no amor. Desde então o amor orienta minha filosofia de ministério pastoral. Uma preciosa irmã da Assembleia de Deus me disse: “Na minha igreja existe uma doutrina segundo a a evidência de uma pessoa foi batizada pelo Espírito Santo é falar em línguas.” E perguntou ansiosa: “o que você acha disso?” A minha resposta estava na ponta de língua: “O sinal não é falar em línguas, mas está cheio de amor como disse Paulo após falar dos dons espirituais: o caminho mais excelente é o amor porque sem ele tudo o mais não tem sentido como reza 1 Coríntios 13.” Os cristãos de Jerusalém foram batizados no amor de Deus.
  7. Aparece na história a verdadeira unidade que é buscada pela humanidade através dos tempos. A tentativa mais ousada foi a proposta do Império Babilônico de uma só linguagem para mundo. A descrição da Torre de Babel mostra confusão de línguas como o caminho para a unidade na diversidade. O Império Persa substituiu o Babilônico com uma bela proposta: respeitar a diversidade cultural dos povos dominados. O Império Grego impôs a superioridade da língua e de seus filósofos como a base da unidade. O Império Romano a cultura latina e o império da lei, mas todos falharam. A Alemanha nazista impôs a superioridade da raça ariana, fez milhões de vítimas e provocou a segunda guerra mundial. Surgiram então organizações mundiais na busca da unidade. A primeira foi o Conselho Mundial de Igrejas – CMI buscando a unidade da igreja e, depois, a Organização das Nações Unidas propondo diálogo na solução de conflitos e a unidade das nações. Sabemos que, a despeito de ser uma boa tentativa, as grande potências impões suas vontades. No Pentecostes, porém, surge a solução com base no amor e na comunhão total de corpos e de alma sob o comando de Deus.“Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” – Zac 4:6.

A INCLUSÃO DA DIVERSIDADE HUMANA – Cl  2:19-22

            Somos concidadãos dos santos e da família de Deus porque Jesus Cristo destruiu a inimizade evangelizando a paz e destruindo todos os muros de separação. A frase histórica da igreja primitiva comprova isso: unidade na diversidade. Somos filhos de fato de Deus pois não nascemos da carne, mas dEle mesmo. O Espírito Santo é o penhor de nossa herança de filhos. É Deus em nós.

            Edificados sobre bons alicerces: o fundamento dos apóstolos e profetas, Cristo Jesus, como a pedra angular. Não se trata aqui dos profetas do AT, mas dos que, como os apóstolos, conviveram com Jesus sendo testemunhas originais.

            Edificados para habitação de Deus no Espírito – é o que Jesus falou: “Se alguém me ama guardará a minha palavra e meu pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” – Jo 14:23. Isso aconteceu no pentecostes. O Espírito Santo é Deus em nós. Aqui Paulo abre uma cortina da eternidade e vê a consumação de tudo: “Deus será tudo em todos.”

                             A COMUNHÃO FRATERNA…

            Restaura nossa verdadeira natureza – Cada irmão ou irmã é um sinal de esperança. .” É essa  unidade interior conosco mesmos, com Deus e com os outros que nos proporciona nossa verdadeira identidade. Nesta pandemia do COVID-19 nós vemos o pior e o melhor da natureza humana: a crueldade e desumanidade aparece, mas também a bondade e a solidariedade. Aqui nunca seremos o que fomos chamados a ser, mas um dia seremos semelhantes a Jesus Cristo.

            Afirma a nossa identidade eterna: Temos um Pai, o Deus Pai… Temos uma mãe, o Deus Espírito… Temos um irmão mais velho, o nosso Senhor… E temos muitos irmãos. Em 1995 tive duas experiências que me marcaram e que fizeram ver a universalidade da igreja de Cristo. Fui, juntamente com uma delegação de 25 pastores e líderes evangélicos do Brasil, sob o patrocínio de Visão Mundial, ao Congresso Internacional Lausanne II em Manila, nas Filipinas. Na viagem de ida passamos um dia em Tóquio. Ali, no centro daquela grande cidade, eu me senti perdido em meio a uma multidão de rostos quase iguais e estranhos. Mas chegamos no Edifício Cristão de Tóquio onde os irmãos japoneses nos ofereceram um almoço, e eu me senti em casa sendo servido por aqueles sorridentes e hospitaleiros irmãos. As barreiras caíram. Em Manila, no Centro de Convenções da cidade num auditório para duas mil pessoas totalmente lotado com a diversidade de irmãos representando 170 países, eu sempre me sentava ao lado de uma belas negras do Quênia, tendo do outro lado uns espanhóis, na frente uns americanos e atrás uns asiáticos, eu me emocionei até às lágrimas no cântico de um hino universal. Havia um regente americano, um tambor africano e um violão indiano no cântico solene: “ALELUIA, ALELUIA, ALELUIA… ELE VIVE, ELE VIVE, ELE VIVE… ELE VOLTA, ELE VOLTA, ELE VOLTA…” Cada um cantando em sua própria língua. Eu me senti no céu e compreendi o cântico de todos em glória revelado no apocalipse.

            Traz em si o poder da atração – A igreja de Jerusalém contava com a simpatia de todo povo. O novo mandamento: “Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns aos outros.” – João13:34,35. E Jesus, quando orou pela unidade de seus discípulos, concluiu: “…para que o mundo creia que tu me enviaste.” É o poder avassalador do amor e do Espírito de Deus atraindo a todos. A igreja quando vive isso, não precisa se esforçar: naturalmente as pessoas a procura.

            A nossa união com Cristo – Esse é o objetivo de Deus: “Fazer convergir em Cristo todas as coisas… tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” – Ef. 1:10. E por isso que o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

CONCLUSÃO

            A Trindade Santa se manifesta no Pentecostes: A  verticalidade do Pai nos convida à adoração em espírito e em verdade… a horizontalidade do Filho nos convida à missão no mundo… E a profundidade e o poder gerador do Espírito Santo nos convida à ação e à comunhão. Tudo fruto da obra vicária de Jesus Cristo.

            O advento do Espírito abre para o ser humano uma vida de amplas possibilidades: sabemos quem somos, temos uma missão no mundo e sabemos para onde vamos.

            Por causa de nossa liberdade podemos diminuir em nós a liberdade do Espírito. Daí as exortações: “Enchei-vos do Espírito…”, “Não apagueis o Espírito…”, “Não entristeçais o Espírito…” Que possamos orar profundamente aquele pequeno-grande hino:

                        “Espírito, Espírito, Espírito, Espírito Santo de Deus,

                        Vem controlar todo meu ser, vem dirigir o meu viver,

                        O meu pensar, o meu falar, o meu sentir, o meu agir.

                        Espírito, Espírito, Espírito, Espírito Santo de Deus!…”

Júlio Borges de Macedo Filho

PASTOR JULIO BORGES DE MACEDO FILHO Piauiense de Curimatá, 72 anos com 48 de pastorado, filho de Julio Borges de Macedo e Arquimínia Guerra de Macedo, é o sétimo filho de uma família de onze irmãos. Casou-se, há 48 anos no dia de sua ordenação ao ministério pastoral, com a professora Gislene Rodrigues Lemos de Macedo e tiveram quatro filhos: Juliene, Jusiel (falecido), Julinho e Julian. Agora Deus lhe deu a primeira neta chamada Sarah, de apenas 8 anos. Concluiu o curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife. Formou-se em 1969 e foi ordenado ao ministério pastoral no dia 22 de fevereiro do mesmo ano. Pastoreou as seguintes igrejas: Igreja Batista do Rio Largo – AL (1969 a 1972), Primeira Igreja Evangélica Batista de Teresina – PI (1972 a 1978), Primeira Igreja Batista de Ilhéus – BA (1978 a 1979), Terceira Igreja Batista do Plano Piloto – Brasília (1979 a 1989), Igreja Batista Noroeste de Brasília (interinamente em 1985), Primeira Igreja Batista de Curimatá – PI (interinamente em 2000), e desde 1989, a Igreja Cristã de Brasília. Tomou a iniciativa para a organização das seguintes igrejas: Primeira Igreja Batista de Picos –PI, Igreja Batista do Lago Norte – Brasília, Igreja Batista Noroeste de Brasília (hoje, Igreja Batista Viva Esperança), e a Igreja Cristã de Brasília. Ordenou cerca de 20 pastores e uma pastora, consagrou dezenas de diáconos e diaconisas por onde passou, e celebrou mais de 500 casamentos. É considerando no Distrito Federal um pastor de pastores. Líder denominacional foi presidente da Convenção Batista Alagoana, da Convenção Batista do DF (três vezes), do Conselho de Pastores Evangélicos dos DF (duas vezes); participou de vários organismos batistas como o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira, das juntas administrativas do Seminário Teológico Batista Equatorial e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil; e por 20 anos foi professor da Faculdade Teológica Batista de Brasília ensinando as seguintes disciplinas: Estudos de problemas brasileiros, ética cristã, teologia pastoral, teologia contemporânea, ministério urbano, teologia bíblica do Antigo Testamento, e homilética. Como teólogo produziu muitos artigos, teses, e palestras nos mais diferentes lugares, e participou de muitos congressos, seminários, fóruns, retiros, entre eles o Congresso Internacional Lousane II realizado em Manila, Filipinas em 1989. Foi orador de várias assembléias convencionais, e pregou em muitos congressos e igrejas por todo o Brasil. Como poeta e escritor já gestou e publicou cinco livros (Missão da Igreja e responsabilidade social, Voando nas asas da fé, Um sonho coberto de rosas, Suave perfume, e Uma grande mulher), tem quatro prontos para publicação, e está grávidos de mais dez livros que espera escrever e publicar nos próximos oito anos. Na área política assessorou deputado Wasny de Roure, por muitos anos, tanta na CLDF como na Câmara dos Deputados; assessorou por pouco tempo os deputados distritais Peniel Pacheco e Arlete Sampaio; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque, como chefe da Assessoria Parlamentar do MEC, e depois assessor parlamentar do Senador Cristovam Buarque. Nesta área produziu muitos escritos sobre os evangélicos e a política, fez inúmeras palestras, promoveu muitos seminários, e foi fundador e coordenador de vários fóruns, entre eles o Fórum Político Religioso do PT, o Fórum Religioso de Diálogo com GDF, o Fórum Cristão do PT Chegou a Brasília em junho de 1969 e, desde então, a elegeu como sua cidade do coração. Agora, aposentado, deseja dedicar-se a apenas duas atividades essenciais: pastorear graciosamente a Igreja Cristã de Brasília e Brasília, e escrever apaixonadamente. Sua grande ênfase ministerial tem sido o amor cristão, a graça maravilhosa de Deus revelada em Jesus Cristo, a responsabilidade social das igrejas e dos cristãos, e o ministério urbano da igreja.

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