ZÉLIA REIS, UMA FIEL CRISTÃ
ZÉLIA REIS, UMA FIEL CRISTÃ
Em memória da irmã Zélia Reis
Recebi hoje, 11 de fevereiro de 2024 pelo whatSapp dela, a notícia do
falecimento de irmã Zélia Reis. Seu pastor e sobrinho Joel escreveu: “Pastor
Julio, comunico o falecimento da irmã Zélia Reis”. Em seguida me convidou
com a cerimônia fúnebre. Fiquei triste e ao mesmo tempo grato pelas
recordações que tenho dela. Estranhei o fato dela nunca mais me responder
cortesmente os hinos que enviava para ela. Agora tudo ficou claro: Ela estava
enferma. Eis alguns retratos desta amada e fiel serva de Deus:
- Quando pastor da Primeira Igreja Batista de Teresina (1972 a 1977) sua
família era minha vizinha no bairro de São Cristóvão. Sempre passava
por lá para dar carona ao Pr. Joel, na época um adolescente dedicado à
igreja, nos cultos das quartas. A irmã Antônia (mãe) e Zélia (filha) eram
membros fiéis da igreja. Um dia a irmã Zélia me convidou para visitar
seu pai que, pressentindo a chegada da morte, queria fazer uma
confissão. Ele me confessou que quando jovem jogou pedras nos
crentes num culto ao ar livre em Floriano quando pregava o Apóstolo da
Amazônia Eurico Nelson. Um diácono, Amâncio Freitas, pegou no seu
braço e lhe disse: “Jovem, você não sabe o que está fazendo!”. Aquelas
palavras ficaram em sua mente e, agora com o testemunho da esposa e
filha, ele disse que também era crente e me pediu duas coisas: 1) Que
eu fizessem um culto em sua casa no dia do seu sepultamento e
deixasse a família dele, que era católica, celebrar a missa no cemitério;
e 2) que no domingo à tarde eu levasse todos os diáconos da igreja
porque ele queria fazer um pedido de perdão. Eu cumpri seus desejos, e
foi emocionante ver aquele homem pedindo perdão à igreja por ter
jogado pedras nos crentes e confessando a sua fé em Cristo. Logo
depois faleceu e os outros pedidos foram satisfeitos. - Fui convidado pelo Pr. Raimundo Carvalho para uma série de pregações
em sua Igreja, a Segunda Igreja Batista do Conjunto Sacy, creio que a
uns vinte anos, e num dia à tarde o Pr, Joel, pegou-me para fazer duas
visitas a duas grandes mulheres que foram minhas ovelhas: sua tia
Antônia (mãe de Zélia), que estava enferma, e a irmã Áurea que estava
com alzheimer. Foi uma grande alegria reencontrar a irmã Antônia e
Zélia, na época morando em um apartamento, ambas serenas e sábias,
que demonstraram grande alegria ao ver-me. Depois visitamos a irmã
Áurea e suas duas filhas. Ela pegou a minha mão e só a soltou quando
eu me despedi. Suas filhas me disseram que num momento de lucidez
ela disse que estava em plena comunhão com o Pai e que elas não
chorassem por ela. Revi depois a irmã Antônia e Zélia além, de outras
ex-ovelhas, no domingo quando preguei na então igreja do Pastor Joel
no Jóquei. Aliás, naquele domingo preguei e quatro igrejas batistas de
Teresina. - Meu último encontro com a irmã Zélia Reis foi aqui em Brasília a uns dez
anos. Ela pediu para pegá-la na SQN 102 porque queria participar do
culto de minha igreja, a Igreja Cristã de Brasília. Peguei-a num domingo
às 18 horas e fomos para o culto no CONIC às 18:30 horas. Eu a
apresentei com alegria e ela me retribuiu com a delicadeza e o amor que
a caracterizava dizendo que teve o privilégio de ser minha ovelha. Após
o culto pediu-me para visitar sua tia Antônia irmã de seu pai), de mais de
90 anos que, sabendo que eu era irmão Delile (meu irmão mais velho),
queria que eu a visitasse. Foi uma visita cordial e alegre. Dona Antônia
tinha trabalhado com meu irmão no Ministério da Previdência social do
governo Sarney e o elogiou como o melhor administrador que ela
conheceu. Também tinha sido cliente de meu irmão Alvimar, de saudosa
memória, e pediu-me notícias dele porque soube que sua esposa estava
com alzheimer. Eu lhe disse que Edna havia morrido e que eu mesmo fiz
o segundo casamento dele com uma prima (Marieci) e ele tinha virado
cantor de uma música só: “Mulher nova, bonita e carinhosa, faz um
homem gemer sem sentir dor.” Dona Antônia riu gostosamente. Tempos
depois Zélia me avisou que sua tia havia morrido aos 95 anos. Ela fazia
diálise diariamente com problemas renais. Daí pra frente nos
comunicávamos pelo zap até que ela não mais me respondia.
A comunicação de sua morte fez recordar destes quadros e dela mesmo
como uma cristã fiel de uma cordialidade, uma serenidade e uma fé
robustas. O versículo que me vem à mente nesta hora são as palavras de
Jesus Cristo à igreja de Esmirna: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida” – Apocalipse 2:10b. Sem dúvida, ela foi promovida à Glória Celestial
porque já tinha consigo a coroa da vida.
Julio Borges Filho
Brasília, 11 de fevereiro de 2024